O capítulo que fez nós nos apaixonarmos por... Horácio Slughorn

Se existiu um exemplo claro de que a Sonserina não é só serpentes, insultos e cinismo, esse exemplo era Horácio Slughorn.

© JKR/Pottermore Ltd. ™ Warner Bros.

Um indivíduo complexo

 Slughorn era um indivíduo complexo desde o começo: nós nunca estávamos certos do que tínhamos com o antigo diretor da Sonserina, principalmente considerando que a primeira vez que vemos ele nos livros, ele estava disfarçado como uma poltrona.

 Logo que ele foi reinstalado em Hogwarts para recuperar seu cargo de professor de Poções, nós ainda não sabíamos como colocar o velho Horácio. No papel, Slughorn parecia bem mais legal que nosso amigo Snape, que ocupava a posição anteriormente — isso era, até você perceber que ele prefere a companhia de bruxos bem sucedidos e impressionantes, ou aqueles que são relacionados a eles. Sim, por mais alegre que Slughorn fosse, seus maneirismos ardilosos saíam um pouco do controle, com, muitas vezes, ele tratando amigos como se fossem itens de colecionador ao invés de amigos de fato.

 Entretanto, em mais de uma ocasião, Slughorn revelou um lado bem mais nobre — mostrando bravura e humildade acima de seu covarde nepotismo.

"Depois do enterro"


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 A cena que de fato nos ajudou a ver isso foi uma noite específica na cabana de Hagrid, onde Harry, sob o efeito de Felix Felicis, usou sua sorte para, de certo modo, orquestrar o melhor funeral para uma aranha de todos os tempos. Não tem ideia do que estamos falando? Vamos refrescar sua memória.

 Durante Harry Potter e o Enigma do Príncipe, o amado amigo de Hagrid da Floresta Proibida, Aragogue (você pode lembrar dele como a aranha gigante e assustadora que provavelmente traumatizou o Rony pelo resto de sua vida durante Câmara Secreta), faleceu. E Harry, determinado a obter uma memória de Penseira do Slughorn que poderia revelar informações vitais sobre Lord Voldemort, decidido a fazer isso sob o efeito da poção da sorte Felix Felicis. De alguma maneira, nós acabamos com Slughorn e Hagrid (com Harry fingindo) bebendo alegremente durante a noite, compartilhando memórias de Aragogue, músicas sobre bruxos falecidos há muito tempo, e eventualmente, algumas verdades sensíveis.

 Essa foi a noite que se destacou como a melhor de Slughorn, considerando que as intenções originais do versátil professor de Poções eram ir à cabana de Hagrid extrair o valioso veneno de Acromântula do corpo de Aragogue. 

 Afinal de contas, como nós bem sabemos, Slughorn sempre teve um fraco por colecionar itens de valor supremo, sejam eles objetos mágicos ou, bom, humanos mágicos. Uma vez lá, porém, o luto de Hagrid persuadiu Slughorn para investir inteiramente no funeral de Aragogue, e graças à Harry positivamente despejando sorte (assim como despejando mais vinho), a noite se tornou complicada.

 Decorrida mais ou menos uma hora, os dois professores começaram a fazer brindes extravagantes: a Hogwarts, a Dumbledore, ao vinho dos elfos e a...
 — Harry Potter! — berrou Hagrid, babando um pouco do vinho no queixo, ao esvaziar sua décima quarta caneca.
 — Com certeza — exclamou Slughorn com a voz meio pastosa —, Parry Otter, o Garoto Eleito que... bem... alguma coisa assim — murmurou ele esvaziando sua caneca também.
 — Harry Potter e o Enigma do Príncipe

 Enquanto o trio brindava a, bem, tudo, Slughorn pareceu se transformar do colecionador obcecado, indo à cabana de Hagrid para procurar diversas bugigangas raras, para genuinamente e sinceramente se relacionar pelas razões certas, coisa que ele muitas vezes tinha problemas em fazer.

Por que esse capítulo importa


Harry Potter e o Enigma do Príncipe


 Ver Slughorn ir de arrogante à sincero foi uma grande coisa, considerando que todo seu tempo em Hogwarts foi gasto socializando com bruxos superiores no seu "Clube do Slug", um tipo de sociedade de elite para apenas pessoas que eram realmente legais. Agora, aqui na cabana de Hagrid, com uma caneca de vinho suspeita, ele finalmente relaxou.

 E o mais importante, ele finalmente foi honesto sobre o segredo obscuro que criou uma sombra horrível e culpada nele ao longo dos anos: uma memória de contar à Tom Riddle sobre as Horcruxes. Sim, as mesmas Horcruxes que o transformariam no mais poderoso bruxo das trevas de todos os tempos. Isso sim é que é um gafe. Depois de editar sua própria memória na Penseira de Dumbledore por vergonha, a noite na cabana de Hagrid finalmente marcou o momento em que ele contou a verdade para Harry.

 — Não me orgulho — sussurrou ele entre os dedos. — Tenho vergonha do que... do que aquela lembrança mostra... acho que eu talvez tenha causado um grande estrago naquele dia...
 — Harry Potter e o Enigma do Príncipe

 Apesar dele estar completamente bêbado, esse foi o momento de mudança para Slughorn, o momento em que ele finalmente admitiu que estava errado e envergonhado. Nós percebemos nessa cena que Slughorn não era inerentemente um cara mau, mas sim um homem sutil que desviou de seus medos com glamour e futilidade, um bruxo que protegeu a escuridão mantendo as aparências.

 Embora Slughorn não tenha automaticamente se tornado um cara bom nesse momento, achamos que essa é a primeira vez que vemos Slughorn mostrar compaixão de fato, o que se tornaria muito importante mais tarde.

 Quando Harry divulgou os detalhes de como seus pais morreram, Slughorn parecia genuinamente chateado, ao invés de encarar isso como uma fofoca interessante — e nós finalmente vimos que Slughorn, apesar de sua estatura, estava possivelmente apenas muito, muito assustado, passando uma vida se escondendo atrás de seus amigos famosos, suas coleções e, é claro, se transformando em uma poltrona.

 Com o passar do tempo, as alianças de Slughorn enfraqueceram e se iluminaram, e nós nunca tivemos certeza absoluta de que lado ele estava até o final, durante a Batalha de Hogwarts, quando Slughorn largou sua covardia e se juntou à luta. 

 Na verdade, essa foi a última vez que vimos Slughorn, bravamente duelando contra Lord Voldemort no momento mais sombrio de Hogwarts. Essa pode ser nossa última memória dele, mas a nossa melhor memória sempre será aquele momento na cabana de Hagrid. 

 Ironicamente, Slughorn provavelmente nem se lembra disso.

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