Como Harry Potter e a Pedra Filosofal abordou bullying

 Todos nós já sonhamos em escapar para um mundo mágico e deixar nossas preocupações pra trás, mas existem alguns problemas que não deveriam ser ignorados. Bullying é tão real em Hogwarts quanto pode ser em nossas próprias vidas.



 Ser bullynado é um pesadelo constante. É sentir frio, como se os Dementadores estivessem por perto, porque você está temendo o que certas pessoas vão dizer ou fazer. É quando risadas te cortam como a maldição Sectusempra, porque você sabe que eles vão te humilhar. É desejar que você pudesse jogar uma Capa da Invisibilidade em você e fugir. Mesmo assim, você não se sentiria seguro — sempre existe a próxima batalha pra se preocupar.
 O bullying nos deixa em um lugar solitário e escuro. Nessa escuridão, nós muitas vezes procuramos pela ficção em busca de consolo. Os livros não nos julgam, eles estão sempre lá pra você, e algumas vezes você acha aquela história especial para te ajudar. Para tais leitores, Harry Potter e a Pedra Filosofal possui algumas mensagens poderosas.

Está tudo bem em ser diferente

 Desde o começo, Harry Potter é bullynado pela sua própria família. Quando ele não está trancado no armário, o Tio Válter grita com ele, Tia Petúnia o trata como se ele fosse inútil e seu primo bate nele por diversão. Como ele não tem nenhum amigo ou família pra se apoiar, Harry é completamente sozinho.
 Por que os Dursley odeiam ele? Porque Válter e Petúnia vêem seu sobrinho como "diferente". Sim, esse é um caso extremo de diferença — não é todo dia que você descobre que é um bruxo. Mesmo assim, bullies podem se sentir intimidados por pessoas que eles não entendem, então eles as derrubam para se sentirem melhores consigo mesmos. Isso é cruel, egoísta e — infelizmente — comum.



 Existe outro motivo de Petúnia que é comum entre bullies — ela é invejosa. Nós ouvimos isso quando ela fala sobre Lílian, a qual ela descreve como "uma aberração". Mas a opinião de Petúnia não deveria importar. Para o resto do mundo, Lílian era especial e Harry também é, ambos não só por seus poderes mágicos, mas por seu talento, bravura e gentileza.
 Os Dursleys fazem o que podem para reprimir o espírito de Harry, mas eles não conseguem quebrá-lo. Harry tem um futuro brilhante pela frente e não irá ser parado por pessoas horríveis e mesquinhas. Além disso, se os Dursleys são "normais", quem gostaria de ser normal?

Ninguém nasceu melhor

 Em sua primeira viagem ao Beco Diagonal, Harry percebe que nem todos os bruxos são pessoas legais e fantásticas. 

" — Eu realmente acho que não deviam deixar outro tipo de gente entrar, e você? Não são iguais a nós..."
 - Harry Potter e a Pedra Filosofal

 Draco Malfoy recusa Hagrid dizendo que ele é "selvagem" e chama os Weasleys de "gentalha". Pior ainda, os Malfoys acreditam que os bruxos puro-sangues são superiores aos nascidos trouxas. Pela primeira vez, Harry nota preconceito dentro do mundo bruxo e ele se torna desconfiado com Draco a partir daqui.



 O que é interessante é que Harry tinha uma escolha. Draco aceitaria ele de braços abertos e até estenderia uma mão amiga. Porém, Harry recusa. Draco pode ser um bruxo, mas Harry o vê como ele realmente é — um bully, como os Dursleys.
 Ser dito que é especial não subiu a cabeça de Harry. Ele fará amizade com quem ele gosta, independentemente de status de sangue ou classe social, e os comentários desagradáveis de Draco não farão a menor diferença.

Faça o seu melhor, mesmo quando as pessoas estão sendo irracionais

 Infelizmente, o bullying não é sempre feito por crianças. Algumas vezes, adultos podem ser igualmente culpados.

 "No final da primeira aula de Poções, ele viu que se enganara. Não era bem que Snape não gostava de Harry — ele o odiava."
 - Harry Potter e a Pedra Filosofal

 O Professor Snape é conhecido por seu severo método de ensino, mas isso é elevado completamente a outro nível com Harry. O "Senhor Potter" é escolhido no começo de sua primeira aula de Poções, ridicularizado por seu professor e zombado pelos Sonserinos. A hostilidade de Snape não diminui durante o ano escolar.



 Harry não sofre em silêncio. Ele fala com seus amigos, que insistem que ele não deveria levar isso para o lado pessoal, e Dumbledore também dá atenção para isso. Mesmo assim, isso não justifica o comportamento de Snape — ele deveria fazer mais do que tratar mal um aluno só porque ele parece com seu pai.
 Mesmo sendo tratado injustamente, Harry não revida ou foge da sala de aula. Gostando ou não, ele tem que aprender Poções. Harry persevera e passa nas provas, mostrando verdadeira força de caráter e habilidades dominadas que vão ajudá-lo no futuro.

Um pequeno ato de gentileza pode significar muito

 Harry não é o único atormentado por bullies. Malfoy e seus melhores amigos eram particularmente cruéis com Neville Longbottom. o qual estava aterrorizado demais para fazer qualquer coisa sobre isso. Apesar dos acidentes de Neville serem, muitas vezes, cômicos, não tem nada de engraçado na dor que ele sofre.



 Em um incidente particularmente ruim, Draco enfeitiça Neville com um feitiço das Pernas-Presas. Hermione aconselha que ele procure um professor, mas Neville não quer mais confusão. Rony diz para Neville enfrentar Malfoy, mas é mais fácil falar do que fazer. Harry faz algo diferente — ao invés de oferecer conselhos, ele ouve o que Neville tem a dizer e afirma que ele vale "doze Dracos". Ele também oferece para Neville seu último Sapo de Chocolate — um gesto pequeno que quase o faz chorar. Tais ações tem um impacto, como é visto durante uma partida de Quadribol:

 "Neville ficou muito vermelho, mas se virou para encarar Draco.
 — Eu valho doze Dracos, Malfoy — gaguejou ele."
 - Harry Potter e a Pedra Filosofal

 Estender a mão para alguém que está sofrendo bullying não vai fazer seus problemas desaparecerem, mas pode ajudar a desfazer o dano a sua confiança. Algumas palavras de apoio e um Sapo de Chocolate valem muito.

Você tem o maior poder de todos, mesmo que eles não entendam

 "Não existe o bem e o mal, só existe o poder, e aqueles que são fracos demais para consegui-lo."
 - Harry Potter e a Pedra Filosofal



 As palavras de Quirrell sob a influência de Voldemort ecoam vários bullies que procuram justificar suas ações. Eles visualizam a si mesmos como fortes e bem-sucedidos por fazer o que querem à custa dos outros. Pra eles, qualquer sinal de misericórdia ou caridade é um sinal de fraqueza ou estupidez. Isso é uma pena, porque eles estão perdendo a maior mágica no mundo:

 "Se existe uma coisa que Voldemort não consegue compreender é o amor."
 - Harry Potter e a Pedra Filosofal

 Compaixão é muitas vezes mal-interpretada como fraqueza. É preciso real força e coragem para se manter verdadeiro a si mesmo e apoiar aqueles em necessidade. Verdadeiros covardes são aqueles que se agrupam para incomodar os outros.

 Para celebrar o vigésimo aniversário de Harry Potter e a Pedra Filosofal, toda sexta-feira o Pottermore irá explorar temas, momentos, personagens e muito mais da primeira história de Harry Potter. Volte na próxima semana quando comentaremos alguns diálogos importantes em Pedra Filosofal.


Comentários

  1. Simplesmente amei essa postagem! Que ótimas sacadas... acredito que o jovem que lê HP fica indignado com todos esses "acontecimentos" porém, nem sempre percebe que se trata do pior tipo de tratamento que uma pessoa possa receber: o bullying... Parabéns aos autores!

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