Por que as emoções do Harry Potter são tão importantes

Em Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, nós olhamos mais de perto a aptidão de Harry para feitiços desafiadores quando ele aprende a conjurar um Patrono. E, como o tema do Wizarding World Books Club dessa semana é talento, nós vamos dar uma olhada no quanto a força emocional de Harry impactou suas habilidades...

© JKR/Pottermore Ltd. ™ Warner Bros.


...Mas preciso preveni-lo, Harry, de que o feitiço talvez seja demasiado avançado para você. Muitos bruxos habilitados têm dificuldade de executá-lo.

 Isso é o que o Professor Lupin diz à Harry antes de demonstrar como conjurar um Patrono. Isso é magia bem além do que Harry, que ainda está a dois anos de fazer seus NOMs, é esperado aprender.

 Mas, é claro, Harry provavelmente nunca seguiu progressivamente o sistema de estudos de Hogwarts. Ele está vivendo uma experiência que é tão extraordinária que demanda mais dele do que de qualquer outro bruxo de 13 anos. E Harry é extraordinário não só porque ele inexplicavelmente derrotou Voldemort ainda bebê e lutou contra ele duas vezes enquanto estudante. Ele também é excepcional por conta de como essas experiências moldaram-no.

 Harry quer conjurar um Patrono por causa do jeito que os dementadores — criaturas que Lupin descreve como uma das mais abomináveis já existentes na Terra, sugando alegria e felicidade dos humanos que cruzam seus caminhos — faziam ele se sentir. Enquanto todos sofrem quando encontram um dementador, a angústia de Harry é suficiente para fazê-lo desmaiar. Quando ele cai de sua vassoura durante uma partida de Quadribol, fica claro que isso é uma resposta emotiva particularmente forte.

 O que é compreensível. Estar próximo de um dementador força a pessoa a reviver suas piores experiências, então não é surpreendente que Harry, que escuta os momentos da morte de seus pais toda vez que um se aproxima dele, seja afetado. Exceto que os dementadores não simplesmente mergulham Harry no desespero. Em sua determinação para combatê-los, Harry descobre um talento para uma das partes mais desafiadoras da magia defensiva: o Patrono.

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 As aulas de Patrono de Harry são longas e cansativas. Cada vez que ele enfrenta o dementador bicho-papão, ele ouve sua mãe sendo assassinada e as tentativas de seu pai de salvar sua esposa e seu filho. Embora esses sejam eventos horrivelmente traumáticos, para Harry eles são também uma rara oportunidade de ouvir a voz de seus pais. Seu prolongado desejo em ouvi-los falar torna ainda mais difícil conjurar um Patrono, algo que Lupin descreve como:

...um tipo de energia positiva, uma projeção da própria coisa de que o dementador se alimenta: esperança, felicidade, desejo de sobrevivência...

 Para conjurar um Patrono corpóreo — isso é, um sólido que possa atacar dementadores — você tem que pensar em uma lembrança feliz e gritar "Expecto Patronum". Harry consegue criar algo próximo de um Patrono rapidamente, mas é uma tentativa indistinta. Apesar dele não se intimidar por isso. Exausto e meio querendo escutar seus pais novamente, Harry continua determinado a dominar o feitiço, voltando de novo e de novo para praticar com o dementador bicho-papão.

 Essa determinação é algo que Harry já havia mostrado anteriormente. Em Pedra Filosofal, ele é o primeiro a se oferecer a pegar a Pedra, junto com Hermione e Rony apenas depois dele continuar insistindo sobre a importância de lutar contra Voldemort. Em sua motivação para combater os dementadores, ele também demonstra uma resiliência emocional duradoura.

 Harry reconhece seu desejo de ouvir seus pais mesmo com o impacto que aquilo tinha nele — ele chora quando escuta seu pai pela primeira vez. Em Pedra Filosofal, Dumbledore disse para Harry sobre sua mãe:

...ter sido amado tão profundamente, mesmo que a pessoa que nos amou já tenha morrido, nos confere uma proteção eterna. Está entranhada em nossa pele.

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 Ao ouvir os momentos finais de seus pais, Harry começa a verdadeiramente se engajar com o sacrifício deles e sua perda. Mas ele também está escutando a evidência em primeira mão do amor deles por ele. Aquilo, por si só, se torna uma motivação — primeiro para enfrentar os dementadores, porém, mais tarde, para derrotá-los. Porque enquanto Harry se agarra na chance de ouvir a voz de seus pais, ele também reconhece que é um desejo que não o ajudará.

— Eles estão mortos — disse a si mesmo com severidade. — Estão mortos e ficar ouvindo seus ecos não vai trazê-los de volta. - Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban

 Independente de ser intencional ou não, o conselho de Harry ecoa as palavras de Dumbledore após Harry se tornar aficionado em ver sua família no Espelho de Ojesed:

Não faz bem viver sonhando e se esquecer de viver... - Harry Potter e a Pedra Filosofal

 O desejo de Harry de ouvir seus pais é uma reação humana completamente natural, que é ainda mais compreensível quando você considera que ele tinha 13 anos e havia vivido sem aquelas vozes desde que era pequeno. Por outro lado, ao reconhecer que ceder à tal desejo pudesse fazê-lo se arrepender, Harry mostra sabedoria ao longo dos anos.

Ilustração por Jim Kay © Bloomsbury Publishing Plc 2015, retirada de Harry Potter e a Pedra Filosofal - Versão Ilustrada


 Harry pode ter um talento para magia defensiva — afinal de contas, ele já tinha vencido Voldemort — mas é isso que realmente permite que ele desenvolva seus talentos. Segurar-se em uma lembrança boa em frente de um desespero esmagador é um desafio que Lupin implica estar além da capacidade de muitos adultos, mas é um desafio que a vida de Harry já o equipou para enfrentar. A negligência não o tornou amargo — ao contrário, desde que foi à Hogwarts, Harry aproveita cada oportunidade pra se divertir, e se recusa a ficar relembrando do começo de sua infância e sua vida com os Dursleys. Apesar de todas as lembranças que ele usa para conjurar o Patrono serem de seus anos como bruxo, ter a força para conjurar o feitiço mesmo nas circunstâncias mais desesperadas — como quando ele produz um Patrono corpóreo depois de ver o que ele acredita ser seu pai — é uma consequência do começo de sua vida e sua determinação em não ceder ao desespero.

 E, por quê, muitas vezes, existe mais de uma motivação para o sucesso, vencer o desespero não foi o único motivo de Harry pra aprender como conjurar um Patrono. Ele também foi motivado pelas outras reações naturais — constrangimento, depois de cair de sua vassoura, e ambição, porque ele realmente quer ganhar a Copa de Quadribol. Porém, o que fica claro é que a habilidade de Harry para conjurar um Patrono requer mais do que talento. Ela demanda uma grande parte de determinação e uma grande quantidade de força emocional.

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